sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Paranapiacaba pela visão inglesa

No ano de 1930, meu bisavô saiu de sua amada Londres e veio com meu avô, adolescente, para este país chamado Brasil, a fim de trabalhar numa ferrovia numa vila criada por nós, ingleses, cujo nome é Paranapiacaba.


Meu avô tinha apenas dezessete anos e não entendia muitas coisas sobre o trabalho. A única coisa que ele sabia era que, no século XIX, veio o primeiro grupo para construir as primeiras ferrovias do Brasil.

No começo era tudo mata, até que desmataram tudo, afinal os trabalhadores precisavam de um lugar para morar. Meu bisavô era o proprietário mais rico, e por isso ele morava na melhor casa da vila.



Eles passaram dezesseis anos aqui, até 1946. Durante todo esse tempo, trabalharam e viram a vila crescer, contribuindo para isso.

Meu avô me contou esta história quando eu era criança. E agora, nos meus vinte e cinco anos, há quinze dias viajei para o Brasil a trabalho e aproveitei para visitar a vila.

Chegando lá, eu não pude acreditar; o lugar não era mais como meu avô tinha visto; estava tudo destruído, sem preservação, e a quase não havia área verde.

O que era aquilo? O que tinham feito com Paranapiacaba? Uma vila que antes era tão bem cuidada, agora se encontra destruída!

Para ter certeza da destruição, visitei alguns pontos turísticos. No Museu Funicular, pude ver que existem apenas carcaças de antigos trens, que não foram restaurados. Nos outros pontos turísticos, não me surpreendi; toda a vila estava acabada.

A única coisa que preservaram foi um trechinho da Mata Atlântica, que virou uma trilha. Já vi muitos focos de destruição, mas nenhum se comparava àquilo.


Isso não está certo; como podem os brasileiros deixar um lugar histórico morrer? O governo diz que vai resolver, mas no final não faz nada. Em minha opinião, não se pode deixar um lugar chegar a esse estado, ainda mais se tratando de um patrimônio histórico e cultural como a vila inglesa de Paranapiacaba.

Ouvi até alguns rumores de que uma empresa queria derrubar a torre do relógio para construir um spa. Continuo sem entender; o que um spa faria numa vila de mil e seiscentos habitantes? Não há nenhuma utilidade!

Voltei para casa desolado; o abandono da vila não é certo – a população tem que perceber e tem de reagir, preservando como puderem – não poluindo, reduzindo o consumo desnecessário de energia elétrica,e por aí vai. Todos devem fazer sua parte. Pois essa iniciativa tem que partir de todos.

Vida longa à Paranapiacaba!



Não consegue assistir ao vídeo? Clique aqui.


Mariana Trevisan

Um comentário:

  1. Prezada
    Realmente é muito triste. Estamos em Paranapiacaba a três anos quando meu filho passou a morar com a mulher na Av. FFord. Eles trouxeram para a Vila o ReCivitas - recivitas.org.br - que vem trabalhando para a melhoria da condição dos cidadãos da Vila.
    O trabalho é imenso. Sem apoio governamental, principalmente do município a luta continua.
    Seu depoimento vem nos fortalecer, pois é difícil encontrar os decendentes daqueles que ajudaram na construção da Vila.
    Saudações

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