Dá pra piorar ainda mais?
Esse futuro pessimista não seria nem tão próximo nem tão distante, um cenário que não chega a ser absurdo imaginar. Quais seriam as impressões de um homem, um homem altamente insatisfeito com aquela realidade se ele voltasse alguns séculos no passado até chegar em 2009, nosso presente?
Creio que esse possível homem do futuro enxergaria o começo de uma decadência. Viria esse começo de decadência ao passar pela rua XV de Novembro, toda meio que degradada, com uma construção histórica conservada e ver uma foto dessa mesma rua há uns 70 anos atrás, homens de terno andando por lá, sendo a rua com sua bolsa do café um importante centro econômico da cidade e do país.
Enxergaria o começo dessa decadência ao passear pelo complexo industrial de Cubatão, e pensar que mesmo que já tivesse sido mais poluente e nocivo à natureza em algum ponto do passado, cresceria inevitavelmente, causando impactos ambientais naquela região de tão rica diversidade. Mais, enxergaria uma certa ironia ao ver, no meio do Ecopátio, um espaço enorme entulhado de contêineres e rodeado por indústrias, um viveiro com uma quantidade risível de plantas, criado com argumentos de que ajudaria a minimizar os impactos ambientais na região.
Enxergaria o começo de uma decadência na abandonada vila inglesa de Paranapiacaba, com uma ferrovia semi desativada, transportando pouquíssima carga ao contrário do sistema rodoviário vizinho, sendo que a ferrovia poderia transportar mais carga a um menor preço sem causar grandes impactos ambientais.
Também enxergaria uma o começo da decadência ao passar pelo maior porto do país e ver uma infraestrutura bastante deficiente.
Esse suposto homem do futuro concluiria que foi mais ou menos nos séculos XX e XXI que o mundo teria tomado essa forma distópica que ele estava acostumado a ver. Sei que não vou conseguir passar muito mais que uma mensagem de conservação ambiental/patrimonial com o texto, mas é algo que não deixa de ser importante.
Também poderia falar sobre um homem que vem de um futuro utópico, que veria hoje em dia como o começo de uma ascensão (melhoras consideráveis na qualidade de vida de Cubatão, revitalização da parte da praia de Santos). Esse cenário, assim como o outro, também não é de todo absurdo, podemos enxergar as várias possibilidades de um futuro, mas a ideia não é se acomodar, e sim tentar tomar medidas para evitar essa distopia que pode estar por vir. Se investirem em ferrovias, mais econômicas e ecologicamente corretas, se conservarem a região central da cidade, melhorar a infraestrutura do porto, a chance de vermos um cenário futurista utópico ou amigável é maior.
Fernando Alassal
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