quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Minhas impressões sobre 3000 anos atrás

Nasci em 5028, em Marte. Depois de mais ou menos 2508 anos da destruição da terra, os únicos registros da beleza natural jazem em livros, e, até pouco tempo atrás, eles eram a única maneira de apreciar as maravilhas terrestres. Porém, um grupo de cientistas desenvolveu um sistema com o qual pode se visitar o passado, e eu, devido aos meus conhecimentos na área de pesquisas ambientais, fui a trabalho para o ano 2009, quinhentos e poucos anos antes da terceira guerra, em um pequeno porto e seus arredores, que abrigam um ecossistema glorioso, com a então maior biodiversidade do mundo, para catalogar antigas espécies e admirar a fauna e a flora terrena.

Porém, devo dizer, minha viagem foi uma grande decepção. Segundo especialistas do tempo, 7% do bioma ainda não foi destruído, e as cidades, aglomerados cinzas de concreto muito piores do que qualquer coisa que jamais poderia imaginar, cobrem ameaçadoras o belíssimo verde do lugar.

Comecei pela visita ao porto, para depois ver a mata. Nele, que devia ser uma cidade de médio porte, caberia metade da população marciana facilmente, e talvez toda a população de Mercúrio. É ridícula a quantidade de pessoas presentes no lugar, e ela me evidencia a iminente falta de água nos anos por vir. Mas mesmo essa enorme população não é quase nada comparada à montanha de caixas de metal empilhadas no porto, que saem nos navios a cada minuto. São tantos, cada um do tama-nho de um pequeno quarto, e neles há objetos dos mais inúteis, tais como comidas importadas, peças de carros, e aparelhos que consomem demasiada energia elétrica. Todos poderiam ser eliminados, evitando, assim, a destruição da Terra.

Depois de ver este ambiente totalmente extrapolado, continuei minha viagem na direção oposta ao mar, que, aliás, não deveria se chamar mar neste ponto, já que os navios poluíram tanto a água que nem o melhor dos filtros poderia torná-la balneável. Ao chegar na mata, qual foi minha surpresa ao ver sua beleza. É claro que já tinha uma noção de como seria a floresta, mas tudo era tão vivo, tão belo, tudo com seu próprio odor e características.

Mas, mais uma vez, vi todos os problemas da terra se repetindo. Há rios poluidíssimos, que mostram como faltará água potável para as nações daqui a quatrocentos e noventa anos, evento que disparará a terceira guerra e a destruição mundial.

Também tenho certeza de que é fácil diminuir todos estes problemas. Como todos se fundamentam na superpopulação, o ideal é diminuir o número de pessoas no mundo. Seis bilhões de pessoas é muito, e pelo menos metade delas poderiam ser mortas com a dispersão de uma doença, método muito utilizado em meu tempo, que é rápido, simples e sutil. Alem disso, diminuir a quantidade de bens utilizados pelos humanos é essencial, e, se todos usassem apenas o que realmente precisam, os benefícios seriam muitos: diminuição no gasto de bens naturais, menor uso de transportes que destroem o ecossistema...

E, aproveitando a menor quantidade de carga, a substituição dos transportes por aqueles que hoje em dia são considerados os melhores e mais eficientes: os trens, também traria muitos benefícios. E, é claro, usar carne humana, abundante e de boa qualidade, para alimentar outros humanos, e não carne animal, pura e cruelmente tirada destes.

É triste ver o quanto as pessoas deste tempo se supervalorizam, e o quanto este passado aponta para a destruição da terra. E, realmente, espero que não repitamos os erros deles.

Ministro do meio ambiente de Marte



Preocupado com o futuro?



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Rodrigo Zobaran

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